segunda-feira

Incorporação de Exú

Encontramos aqueles que creem que os Exús são entidades (espíritos) que só fazem o bem, e outros que creem que os Exús podem também ser neutros ou maus. Observe-se que, muitas vezes, os médiuns dos terreiros de Umbanda e mesmo de Candomblé e dos centros Kardecistas não têm uma ideia muito clara da natureza da(s) entidade(s), quase sempre, por falta de estudo da religião.
Existe grande confusão em torno de Exu, principalmente quanto a sua errônea concepção com o demônio dos católicos. Num estudo profundo sobre a mitologia africana, principalmente a Iorubana, poderemos constatar que Exu não é diabo, mas, sim, um Deus, responsável pelas mensagens dos Orixás. Na verdade, Exu serve de intermediário entre os Orixás e os adeptos do Candomblé. Cada Orixá possui seu Exu, assim também como cada pessoa. O trabalho de Exu é, principalmente, o da comunicação, por este motivo ele é o senhor das vias de acesso, como estradas, atalhos, caminhos e encruzilhadas.
Exu possui grande importância dentro dos cultos afro-brasileiros, visto que, sem seu apoio, as mensagens e os pedidos não chegarão aos Orixás.
Os trabalhos malignos ( os tão famosos popularmente chamados de "pactos com o diabo", “Despachos”, "Coisa feita", "Trabalho do Mal", "ebó", "Macumba", "Mirongas", "Muamba" ), como matar por exemplo, Não são acordos feitos com os Exús, mas, com os KIUMBAS, entidades que agem na surdina, fazendo-se passar pelos Exús, atuando em terreiros que não praticam os fundamentos básicos da Umbanda que são:

Crença na existência de um Deus único;

Crença de entidades espirituais em evolução;

Crença em orixás e santos chefiando falanges que formam a hierarquia espiritual;

Crença em guias mensageiros;

Crença na existência da alma;

Crença na prática da mediunidade sob forma de desenvolvimento espiritual do médium;

Crença no uso de ervas e frutos: - Jamais sangue;

Caridade acima de tudo.

Videntes os vêem nestes lugares e erroneamente dizem que eles são de lá. Devido a esta característica, os Exús, são confundidos com os Kiumbas, que são espíritos trevosos ou obsessores, são espíritos que se encontram desajustados perante à Lei. Provocando os mais variados distúrbios morais e mentais nas pessoas, desde pequenas confusões, até as mais duras e tristes obsessões. São espíritos que se comprazem na pratica do mal, apenas por sentirem prazer ou por vinganças, calcadas no ódio doentio. Aguardando, enfim, que a Lei os "recupere" da melhor maneira possível (voluntária ou involuntariamente).

Kiumbas vivem no baixo astral, onde as vibrações energéticas são densas. Este baixo astral é uma enorme "egrégora" formada pelos maus pensamentos e atitudes dos espíritos encarnados ou desencarnados. Sentimentos baixos, vãs paixões, ódios, rancores, raivas, vinganças, sensualidade desenfreada, vícios de toda estirpe, alimentam esta faixa vibracional e os kiumbas se comprazem nisso, já que sentem-se mais fortalecidos.
Também encontramos terreiros dos seguintes tipos:

Os em que as entidades incorporadas não usam bebidas.

Os em que elas bebem durante os trabalhos.

Os que usam bebida em situações mais veladas.

Não há necessidade de ingestão de bebidas, mas seu uso externo se faz porque o álcool volatiza-se rapidamente, servindo como condensador energético para desintegrar miasmas pesados que ficam impregnados nas auras dos consulentes além de agir como elemento volátil de assepsia do ambiente.
Na umbanda usa-se como roupagem para os médiuns apenas roupa branca e descalço, representando a simplicidade e humildade.

Na Umbanda, a assistência pode consultar as entidades diretamente, sem precisar do jogo de Búzios, uma vez que as entidades podem utilizar o corpo do médium para se comunicar. Essa consulta só pode acontecer nos dias de gira de trabalhos, essa gira é especialmente para isso. Existem outras giras, como por exemplo a Gira de Desenvolvimento, onde os médiuns novatos praticam e se aperfeiçoam na comunicação com o orixá e entidades.

Há ainda para se dizer que na Umbanda os orixás maiores ou santos (Iemanjá, Oxóssi, Xangô, Ogum, Oxum, Iansã, etc.) não falam, quando eles "baixam" no terreiro, só sua presença já é uma benção, os santos não tem a falange (linguajar) para que as pessoas possam entender, eles já transcenderam da Terra há muitos anos e adquiriram muita luz, portanto, aqui na Terra, o máximo que fazem são emitir sons (ou mantras) como por exemplo o canto de Iemanjá, que para uns pode ser um canto e para outros um choro.

As consultas ficam por conta das entidades de cada linha como por exemplo: os baianos, preto-velhos, boiadeiros, marinheiros, crianças, etc, que por estarem mais próximos de nossa realidade (pois desencarnaram a apenas algumas décadas - como no caso dos pretos-velhos), podem nos ajudar por conhecerem bem mais de perto os problemas terrenos. Outra característica marcante é o Gongá de um terreiro de Umbanda que tem, lado a lado, imagens de santos católicos (estes representando os orixás) e imagens das entidades (marinheiros, caboclos ameríndios, pretos-velhos, crianças, etc) e também podem ter outras imagens como de Santa Luzia, Santo Agostinho, Santo Expedito, etc. Em terreiros de candomblé cada orixá tem seu lugar, como por exemplo um quartinho, onde ficam os objetos do orixá.

Os médiuns também não precisam ficar o dia inteiro no terreiro e nem dedicar todo o seu dia a ele, basta apenas ter a responsabilidade de estar nos dias de gira e cumprir sua missão com amor e caridade no coração.

Os médiuns não incorporam cada um orixá, os médiuns seguem a linha que os tabaqueiros e o Ogan (sabendo-se que ele só irá puxar um ponto quando o Pai ou Mãe de Santo autorizar) puxam, por exemplo, se estiverem cantando um ponto sobre Oxóssi, os médiuns e a assistência já sabem que quem vem para trabalhar são os caboclos. Outra diferença básica é como os médiuns se preparam para incorporar, ao contrário do Candomblé que dançam num círculo em movimento, rodopiando seus corpos ao som dos atabaques e outros instrumentos, na Umbanda o médium fica parado, acompanhando por palmas os pontos cantados e esperando o momento exato para a incorporação dos orixás ou das entidades.

As roupas são brancas em geral e o uso das cores fica reservado para os Pais e Mães de Santo e em dias de festa e homenagem no terreiro.

As roupas pretas e vermelhas são usadas em dia de Gira de Exu, e também reservado apenas ao direito do médium de incorporação e Pais e Mães de Santo, os outros médiuns (novatos, ogans, cambones, etc) devem usar roupas brancas somente ou com uma fita vermelha presa a sua cintura.

Cada orixá vibra em uma cor, por exemplo, Oxossi vibra na cor verde assim como Iansã na cor amarela, mas indiscutivelmente o branco (Oxalá) é aceito por qualquer linha.